Blog sobre música. Uma de cada vez.

Arcade Fire - Wake Up

Tim Festival de 2005. Em casa, sem grana, sem saco pra nada. Telefone toca, Tim? Não. Já era fã de Wilco, mas e a grana? A gente resolve na porta. Tem esquema. Esquema? Tá. Pus roupa e fui.

Porta do Tim, ainda no MAM. Pagava-se 5 reais e podia circular por tudo, com direito a DJ ali fora, uma social até bacana. Mas e o esquema? Acho o pessoal. Olha a pulseira, coloca aí. Porra, pulseira arrebentada é esquema? É, prende aí. Paramos num canto, perto de um dos lagos ou seja lá o que forem aqueles quadrados com água preta (e vitórias-régia), longe da vista dos seguranças facilmente identificáveis. Quem mais usa terno e gravata no Tim? Fora os Beastie Boys.

Eu não consigo colocar a pulseira. E agora? Foi-se o esquema e Jacarepaguá é longe. Mau-humor começa a aparecer. Nada, um camarada meu resolve. Fico só uns instantes, pensando se era melhor ter dormido. Volta um cara simpático de fora do Rio com um relógio na mão. Coloca o relógio assim no pulso e prende a pulseira assado. Não é que ficou bom? Agora vamos. Entrada chegando, deu uma gelada. Me ocorre o toque final, pegar o celular e fingir uma conversa. Falei pra me esperar do lado do bar! Não sai daí, porra! Aponto pra pulseira, irritado, já passando, o segurança acenando tudo bem, entrei. Entrei!

Rá, entrei. Passa esse cigarro. Onda boa, tudo fica bonito e a paz bate e aquelas coisas. Bar? A grana dava pra duas cervejas. Passa a pulseira que tem mais uns dez pra entrar. Tá. Circulo, vejo gente bonita. Nada que me faça fazer nada. Uma banda que não sei qual era acabando de tocar, ignorando. Quero ver Wilco. Mas e antes? Quem abre mesmo?

Arcade Fire.

Arcade quem? Ignorância mesmo. Arcade, cara. Banda canadense. Vai gostar. Tá.

Vamos pra frente? Vamos. Só um amigo e 20 amigos do amigo. É sempre assim. Como é o som? Ih, melhor você ver. Entra uma turma no palco, umas sete cabeças. Que instrumentos? Ei, tem pássaros dentro do bumbo. Que porra é essa, fanfarra?

Uma guitarrada, porradas no bumbo e pandeiro, então começa o coro, e eu compreendo. Era Wake Up.



Flutuo uns três metros acima do chão, levitando em um emaranhado de sons estranhos, mas perfeitos. Trilha sonora pra morrer e nascer, o mundo acabando e recomeçando ali, durante cinco minutos. Wake Up. É, acordei.

Mas talvez tenha sido tudo graças ao cigarro. Esse era bom mesmo.

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